05 abril, 2008

Rocambole Suíço de Chocolate, do Álvaro Rodrigues.

Foi um daqueles casos de amor à primeira vista. Sim, porque ele era lindo.

A Lílian viu a receita no Bem Família, resolveu experimentar e, porque é um amor de pessoa, trouxe um pedaço aqui pra casa. Sabe aquele rocambole que todo rocambole de padaria sonha ser? Pois é. Ele é. Não deu outra, resolvi testar. Receita em mãos, fiz a massa antes de sair pra faculdade, instruindo a mãe a não deixar muito tempo no forno. Quando cheguei, namorado destruiu todas as minhas ilusões com as seguintes frases:
- Teu bolo não deu certo. Ficou com uma casca dura e grudento por baixo.
Corri pra ver com os meus próprios olhos e realmente não tinha nada de exagero no que ele disse. A massa do rocambole estava grudenta e, por cima, tinha formado uma casca dura e espessa.

Ah, essa amarga decepção que uma cozinheira sente quando uma receita muito esperada simplesmente não acontece como deveria...

Dei tudo por perdido (leia-se ótimos ovos, chocolate e licor...) e fui dormir. No dia seguinte, resolvida a jogar tudo fora e tentar de novo, telefono pra Lílian.
- Poxa, tentei fazer o rocambole, mas não deu certo. A massa ficou grudenta e com uma casca dura.
- Ah, mas o meu também ficou assim!
- ...
- Ahan. Daí, como eu não queria perder a massa, eu peguei ele todo esfarelado mesmo e comecei a colar em cima do papel alumínio. Enrolei, coloquei na geladeira e deu certo, né? Nem dá pra perceber...
- Lílian, tu não imagina como eu fico feliz em ouvir isso...
Ela me fez lembrar de colocar em prática um dos mandamentos mais preciosos de uma boa cozinheira: Não se deixe abatar que quase tudo tem salvação! As Tarte Tatin e os Petit Gateau do mundo não me deixam mentir...

Claro que eu não vou sair por aí transformando uma lasanha fracassada em souflê, uma ambrosia queimada em crème brülée (ih, rimou...), mas naquele momento a perspectiva de que o rocambole ainda tinha salvação, me encheu de alegria.

Abstraindo o fato de que a vó tinha atacado a massa "perdida" à colheradas, desenformei com todo cuidado possível e mandei bala.


1. Os ingredientes do recheio, todos bonitinhos, esperando a delicada operação de desenformar a massa do rocambole.
2. A massa feinha, feinha, causa do meu desespero.
3. As colheradas da vó, no canto direito que não está lá.
4. A casca que se formou sobre a massa.
5. Recheio devidamente empregado (esqueci o coco!!!).
6. Na geladeira, empacotadinho.
7. Já com a cobertura e decorado com cerejas e treliças de chocolate feitas por mim (Fala a verdade... Sou praticamente uma artista plástica, né?).
8. Vista aérea e prova de que uma boa receita às vezes se camufla num desastre irremediável.

Receita do rocambole aqui.
Vai com fé que o Álvaro é o cara.