Comecei os preparativos para o antepasto às oito horas da noite. Considerando que devia deixar as beringelas descansando por duas longas horas, era de se esperar que eu fosse dormir antes da meia-noite deixando as bichinhas incólumes até a manhã do dia seguinte. Mas, não. Esperei as duas longas horas, em que as beringelas deixaram todo o amargor dentro de uma panelinha e me dediquei à tarefa de preparar o tempero do antepasto, enquanto namorado formatava um computador.
Foi mais ou menos por aí que percebi que tinha cometido um erro crasso, quase desesperador. Na pressa de descascar e cortar as beringelas, fatiei tudo no sentido do comprimento e esqueci que elas tinham que ser cortadas em pequenas tiras. E o mau humor tentando cortar em tirinhas as fatias murchinhas e escuras de beringela, rezando pra não ter afetado a técnica do sal?
Tudo cortadinho à perfeição, temperos na panela, resolvi usar um punhadinho de uma pimenta calabresa que tenho no armário. O potinho onde a pimenta veio, vem adaptado com um moedor, que não está funcionando, então o remédio, depois de algumas tentativas fracassadas, foi pedir para o namorado desconjuntar o pescoço do moedor, pra que eu pescasse as pimentinhas com uma colher. Serviço feito, olhei dentro do potinho, aquelas pimentinhas sequinhas, aquele cheirinho e... ARGH!
Um vermezinho passeando bem feliz entre a pimenta.
Juntei toda a calma que me restava, depois de amaldiçoar até a última geração do fabricante da pimenta, olhei a data de validade e estava lá OUT/08. Uns bons seis meses de vida útil, não fosse o verme. Coloquei tudo no lixo e jurei jamais comprar tempero em potes bonitinhos. Tempero bom é tempero de casa ou, no máximo, comprado em saquinhos com uma boa visibilidade do conteúdo.
Usei pimenta-do-reino pra temperar o antepasto, deixei esfriando e fui dormir, passando da meia-noite. Hoje de manhã guardei o antepasto num pote de vidro, com bastante azeite e fechei bem. Final de semana vou fazer umas torradinhas e conferir o resultado.
Receita do antepasto aqui.