12 abril, 2008

Sábado à noite

Temperatura amena, garoa bem leve lá fora, um livro de uma autora querida nas mãos e uma música gostosa.



"O pai sentou-a ao piano aos cinco anos,e, aos dez, Maurizia Rugieri dava o primeiro recital no Clube Garibaldi, vestida de organdi cor-de-rosa e botas de verniz, perante público benevolente, composto na sua maioria por membros da colônia italiana. No final da apresentação depositaram vários ramos de flores a seus pés, e o presidente do clube entregou-lhe uma placa comemorativa e uma boneca de porcelana, enfeitada com fitas e rendas.
- Nós a saudamos, Maurizia Rugieri, como um gênio precoce, um novo Mozart. Aguardam-na os grandes palcos do mundo - declamou.
A menina esperou que acabassem os aplausos e, spbre o choro orgulhoso da mãe, fez ouvir sua voz com inesperada altivez.
- Esta é a última vez que toco piano. O que eu quero ser é cantora - anunciou e saiu da sala arrastando a boneca por um pé. (...)"
Contos de Eva Luna, Isabel Allende.

Definitivamente, as saidinhas de sábado perdem terreno quando esse tipo de combinação acontece.