14 novembro, 2005

Bom dia, Dia!!

Estava pensando no meu ex-chefe e na sua capacidade de me deixar inconformada nas primeiras horas da manhã de segunda a sábado. Ele chegava na empresa quieto e macambúzio (essa palavra só passou a fazer sentido pra mim depois que eu conheci o tal chefe). A flor de delicadeza nunca dava bom dia pra ninguém. Se algum desavisado chegasse flanando pelo setor e desejasse um bom dia ao moço, ele respondia, sem hesitar: “Bom dia pra quem?”. Eita! O desavisado fechava a boca e passava a acreditar que, talvez, o dia não estivesse tão bom assim, mesmo. Claro que com o chefe dele, a coisa mudava de alhos pra bugalhos. A má educação terminava onde começava a vontade de manter o emprego, claro.Na outra empresa, não era muito diferente. Sabe aqueles lugares em que o “bom dia” trava na sua boca e não sai de jeito nenhum? Pois é. Eu tinha um medão de desejar um bom dia naquela empresa e ser expulsa da sala abaixo de uma chuva de monitores, teclados e grampeadores... A coisa era punk, mesmo. Isso tudo porque, no meu ponto de vista, não há trabalho demais, mau humor de mais e nem contas a pagar demais que justifiquem a má-vontade em responder a um cumprimento tão legal de se ouvir. Nesses momentos, a educação de mamãe falava mais alto e eu dizia em alto e bom som: “Bom dia!”, aí ouvia uns “argh... casp...glup”, me dava por feliz e me acomodava na minha cadeira. Quantas vezes eu me imaginei chegando na empresa e substituindo o “Bom dia” por qualquer outra coisa, tipo, “Atropelei um alce albino!” ou “Quem pegou o meu Lexotan, porra?!”. Não tive a oportunidade de levar a idéia a cabo, mas imagino que a resposta não teria ido muito além de “argh...casp...glup” e um ou dois olhares espantados.